Mini-Cursos
MC-01.
Antropologia e Mapas: saberes e práticas numa perspectiva decolonial
Dr. Thiago Mota Cardoso (UFBA), Me. Marcelino Soyinka Santos Dantas (Funai)
Ementa: Antropól@s, desde os primórdios deste campo do conhecimento tem nos mapas um companheiro, seja para localizar os povos e coletivos nas etnografias, seja para desenhar nos mapas os astros, as narrativas míticas, territorialidades e a vida em movimento. Nos últimos 20 anos, observa-se a generalização do uso de mapas como recurso-instrumentos-práticas de garantia de direitos territoriais, de manejo de conflitos e de gestão ambiental e territorial no contexto dos territórios indígenas, dos povos e comunidades tradicionais e camponeses latino-americanos, bem como de coletivos urbanos e movimentos sociais, o que muitos autores chamam de “virada territorial”.
Os chamados mapeamentos participativos, etnomapeamentos ou cartografias sociais/afetivas, articulam diferentes práticas de conhecimento, técnicas e métodos, entre diferentes coletivos de povos e organizações indígenas, antropólogos, e outras instâncias e instituições estatais, da sociedade civil e da cooperação internacional, perfazendo o que vamos denominar de “encontros cartográficos”. Todavia pouco se tem feito para compreender antropologicamente o casamento da etnografia com a cartografia. Da passagem dos mapas “como verdade”, para os mapas como construção social, os olhos dos etnólogos passaram a focar as múltiplas representações sobre o território, num quadro do multiculturalismo, ou do relativismo epistêmico, como forma de simetrizar diferentes formas de conhecimento tecnocientífico. Mais recentemente abordagens fenomenológicas e sociotécnicas vem repensando os mapas por meio de abordagens que extrapolam o seu uso enquanto representações do real, criticando o “império da cartografia”.
Objetivos: O presente curso terá um enfoque prático e vivencial e busca “repensar os mapas” por meio de uma reflexão sobre a potencialidade de se fazer uma antropologia dos e com os mapas nos marcos de uma abordagem pós-representacional. Por meio da análise de situações de trabalho antropológico com vistas a compreender a paisagem e da territorialidade junto a povos indígenas e comunidades tradicionais pretendemos refletir sobre a técnica de produção e a circulação dos mapas, reconhecendo-os como contingentes e relacionais aos “encontros cartográfico”, bem como aos seus contextos cosmopolíticos no sentido de nos perguntarmos: o que faz acontecer os mapas? E qual o papel d@ cientista social em sua produção?
Além disso, pretende-se que os/as participantes sejam apresentados às ferramentas envolvidas na produção dos mapas através do estudo, discussão de conceitos e exercícios práticos utilizando-se destas geotecnologias. Neste sentido, através de exemplos e práticas de construção de mapas com os softwares e plataformas digitais mais comumente utilizadas, pretende-se refletir sobre suas potencialidades, implicações, limitações e alguns de seus pressupostos frequentemente invisibilizados e portanto, naturalizados.
Carga horária: 15 horas
Horário: de segunda a sexta das 14 às 17 horas
Vagas: 25 para estudantes e pesquisadores que tenham interesse na discussão.
MC-02.
Protagonismo social na gestão patrimonial
Ana Rodrigues (Quilombo do Ipiranga) e Me. Darllan da Rocha (DCS/UFPB)
O minicurso visa capacitar e refletir sobre a gestão do patrimônio e seus estudos a partir da perspectiva da ação social (Weber, 2004) e da experiência do Coco de Roda Novo Quilombo.. Considerando etapas de identificação, descrição, diagnóstico e planejamento como experiências vividas por diversos grupos sociais, propomos a reflexividade crítica (MARCUS, 1995) como método de análise e difusão do Patrimônio Cultural. Número de cursistas: 20 participantes.
Carga horária: 8 horas
Horário: terça e quarta, das 14 às 18 horas
Vagas: 20 para estudantes e pesquisadores que tenham interesse na discussão.
MC-03.
Literatura, Antropologia e Política- Hermenêutica e Interpretação na ‘Tenda do Milagres’ de Amado.
Ministrantes: Dr. Daniel Chacon (DCSA/CCAE) e Dr. Cristiano Bonneau (DCS/CCAE)
O cruzamento de três personagens da obra ‘Tenda dos Milagres’, de Jorge Amado - Pedro Arcanjo (o bedel), Argolo (o professor) e Mestre Lidio (o sacerdote), revelam as disputas étnico-raciais e ideológicas que compõem a complexa pauta da identidade do povo brasileiro. Este minicurso pretende explorar essas relações que perpassam a luta de classes e o advento do positivismo absoluto, que justifica o darwinismo social e o preconceito racial. O marco civilizatório brasileiro se consolida pela opressão, discriminação e dominação de uma cultura, a soteropolitanização, sobre as outras formas de existência.
Cronograma:
1º Dia: Hermenêutica e Literatura nas Ciências Humanas: Schleiermacher, Ricoeur e Deleuze;
2º Dia: Amado: Intérprete do Brasil- a Ocasião da 'Tenda dos Milagres', Pedro Archanjo e a importância das obras de Nina Rodriques e Manoel Querino;
3° Dia: Pedro Archanjo: o centro da disputa entre dóxa e epistéme.
Carga horária: 6hrs
Horário: das 16hrs às 18hrs, segunda, terça e quarta-feira.
Vagas: 20 vagas
MC-04.
Métodos e Técnicas de Pesquisa em Antropologia: considerações sobre a experiência etnográfica e seu registro
Ministrantes: Drª. Alessa Souza (DCS/UFPB), Drª. Kelly Oliveira (DCS/UFPB), Ma. Ana Carolina Paz (PPGA/UFBA); Ma. Deyse Amarante Brandão (PPGAS/UFRN); e Ivandielly Menezes (PPGA/UFPB)
O minicurso pretende discutir os primeiros passos da pesquisa de campo, com as estratégias metodológicas do fazer etnográfico. Tencionamos levar os participantes a discutir a chegada ao campo, os primeiros contatos, os instrumentos etnográficos possíveis de serem utilizados neste momento, desde o caderno de campo, gravador e câmeras fotográficas ou de vídeo. Por outro lado, discutiremos as possibilidades de visualização de dados durante a pesquisa, que podem ir desde a análise de histórias orais, observação participante, análise de fontes escritas e documentais.
Carga horária: 12 horas
Horário: de terça a sexta das 14 às 17 horas
Vagas: 25 para estudantes e pesquisadores que tenham interesse na discussão.